Por Marcio S Galli, Time WePlex, 18 de Junho de 2024
Muitos profissionais, ao se posicionarem online, eventualmente se envolvem em criar conteúdos considerando técnicas de otimização com o objetivo de melhorar sua visibilidade nos mecanismos de busca (por exemplo Google). Neste artigo iremos considerar, por meio de dois casos de profissionais que trabalham com psicoterapia, o risco dessa prática especialmente quando ela se dá como forma de controle, levando a resultados medíocres, frustrações e principalmente distração em relação ao foco.
Quando criamos conteúdo nos orientando aos critérios dos buscadores - por exemplo as técnicas conhecidas como SEO - Search Engine Optimization) estamos de fato navegando em um espaço que pode ser visto como necessidade de controlar os resultados. Lógico, quem não quer de certa forma ter sucesso, ou otimizar. Porém, em muitas situações, os profissionais acabam se frustrando. Isso ocorre porque os buscadores são também inteligentes. Porque notam padrões no conteúdo e estruturação do conteúdo feito por usuários por meio das páginas.
Grande parte da frustração vem do fato que essas pessoas não percebem que buscadores, como Google, de fato criam seus critérios a partir de valor real. Em outras palavras, os critérios técnicos que dizem qual resultado deve sair acima de outro estão sendo criados na sombra da realidade, Em outras palavras, o valor verdadeiro sempre será maior. Com isso, profissionais ficam perdidos na tentativa de entender as técnicas, de controlar, de manipular e acabam não vendo resultados, dado que os buscadores estão a todo momento não só atualizando suas técnicas mas também detectando padrões de comportamento de usuários que tentam manipular e criar conteúdos não relevantes. Simples assim, os robôs do Google, por exemplo, são inteligentes, para ler todo seu conteúdo. Perceber padrões. Vou exagerar, mas eu gosto de pensar que o robô do Google saca qual que é a sua.
Mas o mais complicado vem depois da frustração de resultados insatisfatórios, dado que o objetivo era criar conteúdo intencionado para capturar a atenção dos buscadores e consequentemente de usuários. É que o profissional se leva a se distrair. Ou seja, nem percebe que de fato, ao tentar capturar ou controlar, acaba que foi capturado, ou controlado, por sua própria intenção, tomada sua atenção, agora utilizando seu tempo com um foco que não é virtuoso..
Para entender essa dinâmica, vamos explorar dois casos que são ilustrações. Ambos os casos envolvem um profissional que tem o objetivo de atender Brasileiros no exterior. Porém, no primeiro caso, consideramos o profissional que não se preocupa tanto com o conteúdo e quer controlar as técnicas de SEO para aparecer melhor nas buscas de brasileiros no exterior. O segundo caso considera a abordagem mais virtuosa onde o profissional escreve um único artigo, que é relevante para si próprio e que, de fato, é intencionado a ajudar as pessoas. Para ambos os casos consideramos as possibilidades em relação às consequências tanto na questão do SEO, diante de buscadores como Google, como na questão da construção pessoal.
Consideremos uma das caracterizações sobre como o buscador prioriza os resultados das buscas. Podemos dizer, de forma simplificada, que o buscador prioriza os resultados com base nas palavras-chave que estão presentes nos textos das páginas. Se no mundo todo existissem somente duas páginas, uma delas tinha um título “Psicólogo em Dublin” e a outra “Psicólogo em São Paulo”, é esperado que o buscador faça o trabalho de listar os resultados, 1 e 2, na ordem do esperado pelo usuário. Em outras palavras, se o usuário procurar por “Psicólogo em São Paulo” ele ou ela não gostaria de ver o resultado da página “Psicólogo em Dublin” acima do outro. Então se essa questão das palavras-chave presentes nos artigos fosse o grande critério, poderia então um profissional, que gosta de viajar pelo mundo, criar várias páginas com títulos como abaixo:
Isso de fato contempla o objetivo deste profissional que consiste em capturar o tráfego de busca de brasileiros que vivem nessas cidades e estão procurando por um profissional de psicologia. A ideia é aumentar a visibilidade e atrair mais pacientes. No entanto, essa abordagem pode se tornar uma armadilha. Em vez de concentrar-se em criar conteúdo significativo e relevante, o profissional pode acabar dispersando seus esforços em uma série de páginas superficiais, que não necessariamente agregam valor real ao seu público-alvo. Sem entrar na questão técnica sobre SEO, prefiro nos provocar e pensar que os buscadores são bem inteligentes. Tudo isso não significa ignorar as técnicas de SEO - falaremos mais na conclusão sobre isso.
Neste sentido, podemos falar sobre um outro perfil de profissional psicoterapeuta que parte do mesmo objetivo - quer atender pessoas que moram no exterior. Porém, este outro preferiu outra direção: escrever sobre as dificuldades psíquicas que os brasileiros vivenciam quando se mudam para o exterior. Em vez de tentar controlar o SEO através de técnicas superficiais, este profissional passou a focar na criação de conteúdo que oferece valor verdadeiro.
Para isso, este profissional começou a reconhecer, em primeiro lugar, o que gosta, sobre o que quer escrever, e a identificar uma situação que é vivenciada por um público que quer ajudar. Isso é focar - e é o que lhe permite encontrar um tema interessante.
E sim, hoje em dia pode até parecer complicado achar isso, por exemplo encontrar um bom tema. Mas aqui podemos nos colocar uma provocação: Será que não ficou complicado porque estamos focando nossa mente, nossa intenção, no local errado? Ao focar, por exemplo, em técnicas de SEO, o profissional poderia perder a oportunidade de se conectar de maneira autêntica e profunda com seu seu público. Isso pode resultar em um conteúdo que, embora tecnicamente otimizado, não ressoa com as necessidades e desafios da audiência. Em outras palavras, adequa-se ao critério, mas não é legal de ler, é chato. Ainda, pode até ser que alguns até encontrem esse conteúdo vivenciem o que chamamos de propaganda negativa ou nem mesmo isso dado que não ficaram nem 2 segundos visitando a página.
Ao produzir conteúdo que realmente importa, o profissional constroi uma conexão autêntica com seu público, constroi um caminho de progresso, dado que criou algo que é bom para ele também, dado que todo artigo é uma oportunidade de aprender. Os buscadores, por sua vez, deverão simplesmente descobrir como colocar esse bom conteúdo no seu lugar correto e assim é bem provável que irá desfrutar de uma audiência real que estará, acima de tudo, engajada.
A busca por valor orgânico vai além das técnicas de SEO. Ou melhor, é nasce fundamentalmente antes. Valor orgânico é valor real. Quando os profissionais focam em criar conteúdo genuíno e significativo, eles não apenas melhoram sua visibilidade online, mas também fortalecem sua reputação e impacto no mundo real. Ao escolher esse caminho, o profissional se constroi. Uma nota deve ser feita sobre SEO. Uma pergunta. Devemos ignorar? Não. E como pensar sobre SEO? Uma forma organizada é pensar que o conteúdo precisa ser acessível no sentido holístico. O título acessível, o conteúdo acessível, as imagens acessíveis. Quando o conteúdo é acessível por todas as audiências, o autor, o público, os robôs, a rede; temos um conteúdo virtuoso.